quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pensando e repensando as práticas de planejamento pedagógico

“... exigem a presença de educadores e educandos

criadores, investigadores, inquietos, rigorosamente

curiosos, humildes e persistentes.Faz parte das

condições em que aprende criticamente é

possível a pressuposição por parte dos educandos de

que o educador já teve ou continua tendo experiência

da produção de certos saberes e que estes não

podem a eles, os educandos, ser simplesmente transferidos. (...)

Quem ensina aprende ao ensinar e

quem aprende ensina ao aprender alguma coisa a alguém.”

(PAULO FREIRE, 1997)


A escola é um espaço de convivência social, onde vários sujeitos estão inseridos, e, portanto está em constante movimento. São diferentes culturas, diversas idades e crenças, diferentes classes sociais e étnicas, histórias e bagagens de vida de intensidades diversas, convivendo em um ambiente único. A escola precisa saber acolher e trabalhar com esse grupo de sujeitos heterogêneo, de forma a possibilitar um caminho onde as diferenças se tornem igualdades na busca de oportunidades de alcance e apropriação do saber universal, sem, contudo, ignorar o conhecimento prévio dos participantes desse processo.

A escola enquanto instituição social tem como objetivo primordial a Educação. Educação formadora de sujeitos, participativos na instrumentalização socioeconômica, política e cultural da sociedade. Cabe, pois, à escola construir conhecimentos, desenvolver habilidades, competências e promover mudanças de comportamento necessárias para o desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva nos sujeitos a ponto de que estes sejam capazes de transformar a realidade. Medina (1995) contextualiza afirmando que,

A escola é um lugar no qual o trabalho de ensinar e educar significa uma incursão exploratória no mundo, compreendido, vivido e aspirado pela comunidade para a qual se destina. Para isso, a escola considera o aluno que aprende como sujeito que também ensina e o professor que ensina como sujeito que também aprende. Essa relação de ensinar e aprender ou aprender e ensinar transforma a sala de aula num espaço de debates, reflexões e sistematizações das experiências que possibilitam ao aluno dominar o conhecimento e buscar referencia para o seu projeto de vida. (p.150)

Nesse sentido, se torna necessário que a Escola esteja organizada como uma unidade concisa, onde existam setores/departamentos distintos, com funções determinadas de forma clara, para que assim o objetivo maior seja alcançado de forma positiva. Os aspectos organizacionais, administrativos e pedagógicos precisam estar coordenados a fim de produzir um processo de aprendizagem efetivo e com objetivos determinados. Direção, supervisão, orientação, corpo docente e discente, funcionários e comunidade precisam caminhar de forma uniforme na busca dos seus objetivos. Vitor Henrique Paro (1997) afirma que,

À escola não faz falta um chefe, ou um burocrata; à escola faz falta um colaborador, alguém que, embora tenha atribuições, compromissos e responsabilidades diante do Estado, não esteja apenas atrelado ao seu poder e colocado acima dos ideais. (p. 10)

Uma das peças fundamentais na engrenagem de funcionamento da escola, enquanto instituição em busca de qualidade é o planejamento das práticas pedagógicas desenvolvidas. Trabalhar coletivamente, apesar de ser muito mais vantajoso para a escola como um todo, não é uma tarefa sempre fácil. A idéia de que através de uma ação pedagógica planejada coletivamente a escola se fortalecerá, se organizará e produzirá um trabalho pedagógico de maior qualidade precisa ser aplicada e desenvolvida de forma mais efetiva em nossas escolas.

A autonomia de planejamento pedagógico assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9394/96 – reconhece a escola como espaço legítimo para a elaboração do seu projeto pedagógico, porém a participação efetiva dos educadores na implementação do mesmo ainda é baixa. A construção das práticas pedagógicas não pode ser realizada apenas por uma pessoa, necessita sim de todos os participantes dos segmentos.

Pensar e repensar as práticas de planejamento pedagógico não pode ser visto apenas como uma atividade de preenchimento de papéis para “agradar”, precisa ser vista sim como uma atividade de necessidade extrema para o sucesso das práticas pedagógicas desenvolvidas, devendo permear todas as atividades escolares, servindo dessa forma de instrumento permanente de construção e desenvolvimento dos projetos escolares: Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), Projeto Político e Pedagógico,...

O fazer cotidiano das práticas pedagógicas escolares deve acontecer na reflexão conjunta de todos os segmentos escolares que participam cotidianamente das atividades desenvolvidas no ambiente escolar. Devendo dessa forma, existir oportunidades para discussão sobre os fatos, possibilidades de trabalho, revendo continuamente a relação teoria e prática. Só se estabelece uma identidade clara das metodologias a serem adotadas através da práxis.

A educação, como processo de ensino e aprendizagem, é uma realidade que está em constantes transformações e evoluções. Pensar e repensar a prática pedagógica, torna-se imprescindível, deve se tornar motivo constante de debates e de aprimoramento permanente de seus profissionais. A educação é também um espaço para descobertas obtidas através da participação e colaboração ativa de todos os segmentos.

É, portanto, através de um ensino organizado, planejado e participativo que o sucesso das práticas pedagógicas ocorrerá. O confronto de opiniões, a motivação, as interações sociais e o trabalho cooperativo possibilitarão aos educadores trocas, aperfeiçoamento e aprimoramento de suas práticas pedagógicas diárias, buscando dessa forma o sucesso escolar dos educandos. Concluo com uma reflexão a cerca do papel de cada um na engrenagem das práticas desenvolvidas em nossas escolas: qual o nosso papel? Planejamento é realmente necessário?...

Quem é quem?

Autor desconhecido

Era uma vez uma empresa que tinha quatro funcionários chamados: Todo Mundo, Alguém, Qualquer Um e Ninguém.

Havia um importante trabalho a ser realizado e Todo Mundo estava certo de que Alguém o faria. Qualquer Um poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez...

Alguém ficou zangado com isso, pois era um trabalho de Todo Mundo.

Todo Mundo pensou que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas Ninguém imaginou que Todo Mundo não o faria.

A história termina com Todo Mundo culpando Alguém quando realmente Ninguém poderia ter responsabilizar Qualquer Um.

Referências Bibliográficas:

FREITAS, Ana Lucia Souza. Pedagogia da Conscientização – Um legado de Paulo Freire à formação de professores. Porto Alegre, RS: Edipuc.

http://moodle.regesd.tche.br/course/view.php?id=265

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática na Escola Pública. IN: Cadernos Temáticos da Constituinte escolar-1. Porto Alegre: SEC, 2000.

MEDINA, Antonia da Silva. Supervisão escolar: da ação exercida à ação repensada. Porto Alegre, RS: Edipucrs,1995.

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